Origem das Sereias



Seres lendários marinhos, as sereias (ou sirenes) eram divindades que tinham cabeça e busto de mulher, mas possuíam corpo de ave, com asas e garras. A tradição dotou-as, por vezes, de um corpo diferente, mantendo-se a metade humana e a de ave passando a peixe, tornando-as também mais benévolas e nada perigosas. 


Estes seres do mar eram filhos do deus-rio Aqueloo e da musa Melpómene, ou, segundo outras tradições, de Terpsícore, uma musa, ou ainda de Estérope, uma filha de Portáon e de Eurite. Alguns atribuíam a sua paternidade a Fórcis, uma divindade marítima.Eram entre 10: Teles, Redne, Molpe, Texíone, Pisínoe, Agláope, Telxíope, Parténope (muitas vezes esta é identificada a Telxíope), Leucósia e Lígia.

sereia clássica


A sua fisionomia sempre esteve envolta em lendas. Para uns, começaram por ser jovens vulgares que acompanhavam Perséfone até ao dia em que Plutão a raptou. As sereias pediram então aos deuses para que lhes dessem asas para procurarem Perséfone, fosse no mar, fosse em terra. Outros diziam que o seu aspeto se devia a um castigo imposto por Deméter por elas não terem impedido o rapto da sua filha. Como desprezavam o amor e o seu prazer, dizia-se que tinha sido Afrodite a dar-lhes aquele aspecto invulgar, que teria ficado ainda mais medonho depois de as musas as terem depenado, já após a transformação das mesmas.
Habitavam numa ilha perto do litoral da Itália meridional, a oeste da Sicília, embora muitos digam que seria em frente à baía de Sorrento, no litoral da Campânia, perto de Nápoles (a designação mais antiga desta localidade, anterior ao topónimo grego Neapolis, era Parténope, o nome, precisamente, de uma das sereias). As meio-mulher meio-peixe perambulavam pelo mar durante a maior parte do dia, emergindo quando pressentiam a aproximação de navios. Com o seu belo canto, hipnotizador (Apolodoro, sábio grego, dizia que eram três as sereias, uma cantando, as outras tocando lira e flauta), atraíam os navios até aos recifes onde estavam, fazendo-os naufragar e devorando de seguida os marinheiros, depois de lhes chupar o sangue. Quando as lendas as tinham como meio-mulher meio-ave, pairavam no ar como gaivotas ou acolhiam-se em penhascos junto ao mar, à espera de marinheiros incautos. Existem, por exemplo, representações do navio de Ulisses com as perigosas sereias a voar em torno dele e cantando as suas belas mas fatais melodias.
Balada muito loka
Mas alguns mortais resistiram-lhes como Orfeu, que com os belos sons da sua lira e com seu canto melodioso teria também distraído os Argonautas dos cantos das sereias, livrando o navio Argo da destruição e salvando a tripulação do triste destino. Só Butes se atirou ao mar para ir ao encontro das terríveis sereias, mas Afrodite salvou-o das garras dos belos monstros.
de boas aqui fazendo a minha arte


Ulisses foi outra das figuras mitológicas que lhes escapou, ajudado por Circe. Para tal, mandou os seus marinheiros pôr bolas de cera nos ouvidos de forma a não ouvirem o canto fatal das sereias. Para se salvar a si próprio, ordenou-lhes antes que o amarrassem ao mastro do navio e não o soltassem por motivo algum, podendo assim ouvi-las sem lhes obedecer. Assim lhe tinha dito Circe que fizesse. Ulisses ainda sentiu um forte impulso para ir falar com as sereias, encantado com o seu canto e formosura, mas os companheiros conseguiram-no impedir. Depois deste fracasso, as sereias teriam se lançado ao mar, transformando-se em rochedos. Assim rezava um oráculo antigo, que dizia que se alguém as ouvisse cantar e se salvasse, elas desapareceriam. Uns alinham pela metamorfose em rochedos, outros defendem que se atiraram ao mar para nunca mais aparecerem.
A palavra "sereia", devido a todas estas lendas, passou a significar mulher perigosamente sedutora, como "voz de sereia" traduz uma voz encantadora, ou, "ouvir o canto da sereia" simboliza deixar-se seduzir. Etimologicamente, deriva de um termo grego relacionado com "agarrar", "seduzir". Mas em épocas posteriores à escrita da Odisseia, a lenda das sereias ganhou contornos menos monstruosos, sendo consideradas entidades do Além que cantavam para os bem-aventurados nas Ilhas Afortunadas, representando assim harmonia celestial.

Documentário exibido no Discovery sobre Sereias

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